10 PILARES DE UMA EDUCAÇÃO PARA A RESILIÊNCIA

  1. Empatia

Empatia é uma habilidade vital para todos os relacionamentos humanos. Ser empático com filhos (ou alunos) é conseguir se colocar no lugar deles, ver o mundo através dos olhos deles. Não significa concordar com tudo o que eles dizem ou fazem, mas, sobretudo, tentar avaliar e validar os seus pontos de vista, ainda que discordem deles.

Pais e professores empáticos conseguem avaliar como suas palavras e ações chegam até seus filhos e alunos, como são vistas e sentidas por eles. Ser empático é agir com os outros da forma com que gostaríamos que os outros agissem conosco.

Algumas questões nos ajudam a desenvolver empatia: “Como eu gostaria que meus filhos (alunos) me descrevessem?”; “Como eles me descreveriam nesse momento?”; “Quão distante está a descrição deles sobre mim, da que eu desejaria que fosse?”; “A minha forma de comunicação com meus filhos (alunos) é eficaz, ou seja, consigo a sua atenção e participação no processo?”; “Eu gostaria que alguém falasse e agisse comigo da forma com que eu falo e ajo com meus filhos (alunos)?”. Pais e professores capazes de superar suas frustrações e ir à busca dessas respostas já estão praticando empatia, componente chave para educar uma criança para a resiliência. Outra consequência importante desse processo é que sendo empático com nossos filhos ou alunos daremos um grande estímulo para que eles desenvolvam empatia conosco e com os outros.

  1. Comunicação eficiente

Comunicar-se não é apenas falar, comunicar-se de forma eficiente é um processo ativo e muito mais amplo que inclui vários outros atributos. Alguns dos seguintes podem nos ajudar bastante na comunicação com nossos filhos ou alunos: a) ouvir com atenção o que eles têm a dizer;  b) tentar compreender e validar o que eles tentam explicar; c) não interromper enquanto falam; d) não dizer a eles como deveriam estar se sentindo ou o que deveriam estar pensando (isso virá como consequência do diálogo); e) jamais ofender ou diminuir nosso interlocutor; f) evitar o uso de palavras de sentido absoluto como “sempre” e “nunca” (“você sempre erra”, “nunca me entende”, etc.).

A arte da comunicação terá implicações importantes para as demais habilidades de resiliência como relacionamento interpessoal, empatia, resolução de problemas e tomada de decisões. As crianças e adolescentes resilientes desenvolvem uma capacidade de comunicação eficiente através dos seus pais e professores, modelos fundamentais nesse processo.

  1. Mudar roteiros negativos

É comum vermos pais que por anos a fio insistem com seus filhos para que cumpram determinadas obrigações, mesmo que por anos a fio seus filhos os desobedeçam.

Pais resilientes sabem que devem mudar o roteiro quando os filhos não mudam o seu.

Nessa mudança de roteiro, coragem e criatividade são atributos fundamentais. Muitas dessas crenças tiveram origem na nossa infância e foram transmitidas a nós por meio da educação, é preciso coragem para mudar um roteiro que já decoramos há tempo. Criar rotas alternativas para um final comum pode não ser tarefa fácil, mas certamente aparece quando um desafio maior se impõe.

Mudar roteiros não significa ceder, mas, sobretudo resolver problemas com inteligência e sabedoria.

  1. Amar de forma com que eles se sintam especiais e admirados

Amor de pai e mãe é diferente de outros amores, pois é incondicional. É importante que isso fique claro para os nossos filhos sempre, a despeito de tudo que possam fazer, sempre iremos amá-los. O que não significa, no entanto, que os amando consentimos com suas transgressões, isso também precisa ficar bem claro na relação. E se sentindo amados, certamente se sentirão especiais e admirados.

Como pais, precisamos encontrar outras formas de fazer nossos filhos se sentirem especiais e admirados, seja expressando nossa confiança e admiração, reconhecendo nossos erros, pedindo desculpas ou pedindo uma opinião. Outra estratégia eficaz é reservar um tempo especial para estarmos juntos com cada um deles. 

  1. Aceitá-los como eles são

Toda criança é única desde o momento do seu nascimento. Algumas vêm ao mundo com um temperamento fácil, outras são difíceis, outras são tímidas, outras desconfiadas, numa diversidade infinita e admirável. Um dos maiores desafios a serem vencidos pelos pais é aceitar seus filhos dentro dessa perspectiva diversa e não a partir de suas próprias expectativas. 

  1. Ajudá-los a identificar suas habilidades e com elas experimentar sucesso

A determinante mais importante no sucesso futuro de crianças e adolescentes, nos vários contextos de suas vidas, são suas habilidades e não as dificuldades.

Identificar e investir nessas habilidades é uma maneira eficaz de promover a autoconfiança e autoestima, esperança e otimismo. Crianças e adolescentes resilientes não desistem diante dos problemas, reconhecem suas habilidades e nelas concentram seus esforços. 

Ao identificar suas habilidades o jovem finalmente é capaz de enfrentar os problemas em áreas que apresenta dificuldades ou limitações.

  1. Ajudá-los a aprender que erros são oportunidades para aprender

Em geral, temos a tendência de imprimir em nossos filhos, desde bem cedo, a crença de que erros são tão somente comportamentos a serem punidos. Essa postura pessimista e de punição, ao provocar o medo de errar pode, com o tempo, retrair a criança ou o adolescente no enfrentamento dos desafios que se apresentam. Nesse sentido, seja o modelo para seus filhos, sempre que possível exemplifique, por que não discutir com eles erros que você mesmo cometeu e o que aprendeu em cada uma dessas situações? É importante que se convençam de que errar não é apenas aceitável, mas algo inevitável ao longo da vida. Quando erros se repetem, certamente não houve aprendizagem adequada e todo o processo deve ser revisto. Estabeleça expectativas realistas para seus filhos e ensine-os a fazer o mesmo para si, muitas vezes os erros decorrem de expectativas irreais dos pais para os filhos e deles para eles próprios.

  1. Ajudá-los a desenvolver responsabilidade, compaixão e consciência social

Crianças e adolescentes resilientes têm um forte senso de responsabilidade, compaixão e consciência social, por serem ferramentas naturais poderosas para ajudar o próximo. 

Ofereça oportunidades para que seus filhos e alunos se sintam ajudando os outros. Estimule-os a perceber desigualdades e injustiças, isso lhes ajudará a desenvolver compaixão, consciência social e cidadania. Seja um modelo de responsabilidade para seus filhos e alunos e dê oportunidades para eles desenvolverem responsabilidade e de pertencimento.

  1. Ensiná-los a resolver problemas e tomar decisões

A criança e o adolescente resiliente demonstram segurança e controle sobre suas vidas, não lhes agrada a ideia do “deixa a vida me levar”! 

Crianças e adolescentes resilientes são capazes de: 1) definir um problema; 2) considerar diferentes soluções e suas possíveis consequências; 3) decidir sobre a solução mais apropriada para aquela situação; 4) executá-la; 5) avaliar seus resultados; e 6) aprender com as consequências.

Para o sucesso da aprendizagem, os pais devem progressivamente deixar que os filhos desenvolvam autonomamente cada etapa do processo. Programe encontros familiares para a articulação/discussão dessas várias etapas a partir de problemas que se apresentem para o grupo ou para cada um, serão momentos de crescimento para todos.

  1. Disciplinar promovendo a autodisciplina e autoconfiança

Algumas recomendações: 1) o objetivo maior do ato de disciplinar é promover a autodisciplina e o autocontrole; 2) trabalhe em equipe para atingir os objetivos; 3) seja consistente, não rígido; 4) sirva de modelo, calmo e racional; 5) batalhas vão acontecer, escolha-as cuidadosamente; 6) não puna por conta de expectativas irreais; e 7) o encorajamento é a mais poderosa forma de estimular a autodisciplina.

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