Uma criança tenta passar desapercebida e se esmorece mesmo diante do
professor. Ela nunca levanta o braço dentro de sala, parece estar longe dali, não
demonstra ser muito inteligente (apesar de o ser), raramente é ouvida em discussões
corriqueiras sobre o assunto em pauta, é pouco participativa em sala de aula e por vezes
deixa o para casa incompleto. Atrás de alguns comportamentos tidos como tímidos,
pode estar uma criança com o tipo de TDAH mais difícil de diagnosticar: o TDAH
apenas desatento e sem hiperatividade.
Para ilustrar, vou relatar partes de uma conversa que tive com uma dessas
crianças. Obviamente, o nome que estou usando é fictício.
Paula dizia ficar quieta e tímida em sala até pensar em algo a dizer. Porém, sua
resposta por vezes vinha atrasada ou então, exatamente o contrário; antes da professora
terminar a pergunta ela se antecipava com a resposta ou com algum comentário sobre
assuntos do início da aula. Só que na maioria das vezes, ela não verbalizava essas
respostas. Ela não tinha uma boa noção de tempo e seu cérebro apressado se atinha às
coisas erradas, na hora errada.
Geralmente, lhe chamavam a atenção por pensarem que ela não estava prestando
atenção. Algumas vezes até era verdade, porque alguma outra coisa lhe despertava
curiosidade, mas ela parecia escutar bem, só que demorava para responder.
Mais tarde, sua mãe descobriu que a audição da filha estava danificada,
especialmente em relação a memória de curto prazo, nomes, datas e detalhes. Naquela
época, Paula ainda não havia aprendido como se aproveitar de anotações, pedir para
alguém lembrar-lhe algo ou pedir ajuda a colegas.
Estas pessoas têm um estilo próprio de organização, que não faz muito sentido
para as outras pessoas. Muito antes de aprender a trabalhar com mapas mentais, usar
técnicas de sublinhar, realçar informações, usar gráficos e códigos de cores, quem tem
TDAH se organiza desenhando para recordar, fazendo listas de instruções e evitando o
trabalho linear que a maioria usa. Sequências como numerais romanos, alfabeto e
numeração fazem pouco sentido para essas pessoas.
É difícil de se manter em um mesmo assunto ou atividade por um longo período
de tempo. A mente parece se esvair para outras coisas mais interessantes e
emocionantes. Projetos que incluem “mãos na massa”, a emoção artística são tranquilos,
mas pesquisas repetitivas, anotações ou a memorização de detalhes são bem
complicados para pessoas com TDAH. O segredo para manter a atenção dessas pessoas
é fazê-las se movimentar de um lugar para outro ou manipular peças de informação.
Ela também tinha muita dificuldade em fazer amigos e mantê-los. Estava muito
insegura e inclinada a embelezar as idéias para fazer amigos, e que sempre foi um
fiasco.
Então, busque pessoas positivas e cerque-se delas. Mas não se engane, um
indivíduo com TDAH desatento pode obter muito sucesso mas a tarefa é grande e exige
muita energia.