Texto elaborado por Cláudia Ferreira
O TDAH é um transtorno do déficit de atenção que aparece na infância, mas sua sintomatologia pode permanecer até a idade adulta, especialmente se não for tratado desde cedo. Os sintomas característicos do quadro, tais como as dificuldades de atenção, a impulsividade e a hiperatividade, podem trazer consequências complexas, pois se associam a problemas emocionais de diferentes magnitudes, como consequências das reações do meio.
Apesar da causa principal detectada nos estudos científicos ser a hereditariedade, os fatores ambientais causam grande influência na forma como o quadro se manifesta e nas sequelas ao longo das etapas da vida. Se uma criança vive em um ambiente estável e com normas claras, provavelmente se transformará em um adulto produtivo e trabalhador e só terá como sequelas algumas dificuldades de atenção, que se apresentarão como esquecimentos frequentes ou dificuldades menores para reter e processar informações. Se, ao contrário, seu ambiente familiar e escolar não lhe proporcionarem estabilidade, contenção e limites, provavelmente se converterá em um adulto com sérios problemas de rebeldia em relação à autoridade e com dificuldade para se ater às normas. As consequências são muito mais graves quando a criança foi maltratada por seus pais ou pelo sistema escolar devido à sua sintomatologia. Nesses casos, ocorrerão transtornos do vínculo com os adultos e problemas com sua imagem pessoal.
No primeiro ano de vida, os sintomas de hiperatividade se apresentam como transtornos do sono, cólicas, irritabilidade, dificuldades na alimentação, vômitos frequentes e pouca capacidade de adaptação a mudanças e rotinas.
Quando a criança começa a andar, ela não caminha, mas corre; muitas vezes sem se deter diante dos perigos ou dos obstáculos que encontra no seu caminho.
Em torno dos dois anos é muito comum a criança parecer não ter medo de nada e tender a destruir o que cai em suas mãos. Segundo o relato da família, a criança não persevera nas brincadeiras, “não se entretém com nada”. Pega os brinquedos e os larga. Neste constante perambular e explorar, é comum ingerir medicamentos ou substâncias que estejam ao seu alcance e se intoxicar.
Aos 3 ou 4 anos, o comportamento se torna especialmente exigente com os adultos. Pede coisas constantemente e se impacienta e berra quando não é atendida; além disso, começa a se mostrar mais oposicionista e desafiante, do que o esperado para esta idade.
Persiste a tendência a constantes mudanças de atividade. Ao mesmo tempo em que se mostra incapaz de se entreter sozinha, não se adapta a brincadeiras em grupo. Não tolera a frustração ao perder, esperar sua vez e se sujeitar a regras.
Nesta etapa, os pais relatam que é difícil ensinar-lhe normas de convivência, limites e rotinas, porque a criança parece que não responde a prêmios e nem castigos. Neste momento em que devem se iniciar os processos de socialização fora do lar, seus problemas de relações interpessoais começam a se agravar, porque a criança começa a ser rejeitada por seus semelhantes e pelos adultos.
Já na etapa escolar, entre os 6 e os 12 anos de idade aproximadamente, os problemas de comportamento no jardim de infância abrem caminho para os do colégio, com mais intensidade devido ao aumento das exigências. A isto se somam os problemas de rendimento, derivados do seu de conduta e de pensamento impulsivos e de sua distratibilidade. Emocionalmente, mostra baixa tolerância à frustração e sua autoestima experimenta um notável detrimento.
Com o passar dos anos, a hiperatividade tende a diminuir de maneira importante, mas não acontece o mesmo com as dificuldades de atenção. As dificuldades de atenção e concentração na idade adulta manifestam-se sob a forma de esquecimentos frequentes, confusões nas datas, dificuldades para organizar e planejar suas ações, tudo isso repercutindo em seu rendimento acadêmico, suas relações conjugais e nas atividades profissionais.