O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade – TDAH é um transtorno do
comportamento, mais especificamente um transtorno do desenvolvimento do
autocontrole que tem três características básicas: a desatenção, a agitação (ou
hiperatividade) e a impulsividade. Sua causa é um desenvolvimento diferente do cérebro
devido, principalmente, à hereditariedade. Este transtorno tem um grande impacto na vida
da criança/adolescente e das pessoas com as quais ela convive (amigos, pais e
professores). Pode levar a dificuldades emocionais, de relacionamento familiar e social,
bem como a um baixo desempenho escolar. Sua frequência maior, no Brasil, ocorre em
5% da população de 7 a 14 anos, apesar de ocorrer também em adultos. O TDAH tipo
combinado é mais comum.
Para fazer um diagnóstico preciso, é necessária a realização de avaliação clínica feita por
psicólogo para pesquisar os sintomas nas áreas intelectual, psicomotora, emocional e
escolar, além de exame complementar neurológico feito por neurologista ou psiquiatra
infantil. A participação de professores e pais também é imprescindível. O objetivo da
avaliação diagnóstica do TDAH é o de determinar a extensão na qual os problemas de
atenção e hiperatividade estão interferindo nas habilidades acadêmicas, afetivas e sociais
da criança, além de desenvolver de um plano de intervenção individualizado.
A característica essencial do Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade consiste
num padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade, mais freqüente
e grave do que aqueles tipicamente observados nos indivíduos em nível equivalente de
desenvolvimento. Alguns sintomas hiperativo-impulsivos que causam comprometimento
devem ter estado presentes antes dos 12 anos, mas muitos indivíduos são diagnosticados
depois, após a presença dos sintomas por alguns anos.
Apesar de nem todas as crianças e adolescentes necessitarem de medicação, estudos
demonstram que uma grande porcentagem destes indivíduos apresenta melhoras
significativas de seus sintomas com o uso correto de remédios. Como o TDAH também
se associa a vários outros problemas (comorbidades), paralelamente aos remédios, faz-se
necessária a indicação de psicoterapia com base na Teoria Cognitiva para aqueles casos
onde há uma dificuldade muito grande em aceitar limites e de respeitar as regras, onde
percebe-se uma baixa auto-estima, onde existe um quadro de depressão e onde ocorrem
dificuldades significativas de relacionamento interpessoal.
As intervenções precoces podem representar um grande passo para minimizar o impacto
negativo que o TDAH traz à vida da criança, da família e dos seus professores,
diminuindo as consequências emocionais negativas, as dificuldades acadêmicas, a baixa
auto-estima, o risco de acidentes, o risco de uso de drogas e a má adaptação social.
A prática mais indicada nestes casos é a Terapia Cognitiva, dado o caráter dinâmico e
breve deste tipo de terapia. Durante o tratamento, são usadas técnicas como a educação
sobre o transtorno, a capacitação do indivíduo a compreender a influência de seus
pensamentos sobre seus comportamentos, o treinamento de habilidades sociais, o
treinamento de relaxamento, a orientação dos pais e o incentivo para resolução de
problemas, dentre várias outras. O objetivo principal é sempre o mesmo: levar a
criança/adolescente a encontrar uma forma mais produtiva de pensar e de se relacionar
com a vida, obtendo uma otimização de resultados.
Algumas orientações para lidar melhor com estas crianças:
1. Muitas crianças com déficit de atenção são vistas como indiferentes ou
egocêntricas, quando de fato elas apenas não aprenderam a interagir corretamente.
2. Sempre que possível, devolva a responsabilidade à criança.
3. Construa, com a criança, um calendário semanal de atividades e de estudo. É
importante que este calendário fique em local bem visível para consulta.
Complete-o também com datas importantes como aniversários, início de etapas
escolares, férias,etc).
4. Se for usar o time-out como punição, frente a um comportamento inadequado,
leve-a até um local que seja chato para a criança, porém seguro, e longe de pessoas
e movimento. Lá ela deve permanecer um minuto por ano de idade.
5. A criança deve ser estimulada a ler em voz alta. Isto ajuda na manutenção da
atenção.
6. A leitura também pode ser compartilhada: cada colega lê uma frase.
7. Numa cópia, sugira que os cadernos sejam trocados de quando em quando.
8. Alterne o tom de voz durante as aulas.
9. Solicite à família que encape os materiais de cada matéria de uma mesma cor.
10. Na hora de passar o “para casa”, alterne entre ditado e cópia do quadro.
11. Treine com as crianças a interpretação dos enunciados, circulando a palavra chave
e sinalizando o que é mais importante.
12. Tente modificar os hábitos de percepção da criança com TDAH mediante uma
observação diferenciada de si e dos outros.