DUAS MANEIRAS DE ENCARAR A VIDA

Otimismo e pessimismo, objetos de estudos há vários anos. Uma característica definidora dos pessimistas é sua tendência a acreditar que as vicissitudes são irremovíveis, que minam todas as suas atividades e que são os únicos responsáveis por elas. Já os otimistas, sujeitos aos mesmos trancos deste mundo, encaram o infortúnio de maneira oposta. Acreditam geralmente que um insucesso é apenas um contratempo passageiro, que as causas se restringem ao caso em questão.

Centenas de estudos demonstram que os pessimistas desistem com mais facilidade e ficam deprimidos com mais frequência.

O conceito tradicional de REALIZAÇÃO, parte da premissa de  que o sucesso resulta da combinação de talento  e desejo. Já o insucesso indica falta de talento ou vontade. Mas o insucesso também pode acontecer quando o talento e a vontade estão presentes em abundância, mas falta otimismo.

De forma semelhante, o conceito tradicional de SAÚDE também é falho, pois o pessimismo e o otimismo afetam a saúde quase tão claramente quanto os fatores físicos. A saúde física não é uma questão exclusivamente determinada pelas condições do organismo, pelos hábitos de higiene e pela capacidade de evitar germes. Nossa saúde física é algo sobre o qual podemos ter muito mais controle se observarmos melhor nossas cognições (pensamentos).

Seguindo a teoria do controle pessoal, existem dois conceitos básicos:

  1. desamparo aprendido – reação de desistência, a renúncia que resulta da convicção de que não adianta fazer nada.
  2. estilo explicativo – é a maneira como você habitualmente explica a si mesmo porque as coisas acontecem; é o grande modulador do desamparo aprendido. (um estilo explicativo otimista põe fim ao desamparo, ao passo que um estilo explicativo pessimistas agrava o desamparo).

Há três dimensões cruciais para um estilo explicativo: permanência, abrangência e personalidade.

  • Permanência: as pessoas que desistem com facilidade acreditam que as causas dos maus acontecimentos que ocorrem em suas vidas são permanentes, persistentes, afetando tudo o que fazem (ser, sempre, nunca). As que resistem ao desamparo acreditam que as causa dos infortúnios são passageiras (estar, às vezes, ultimamente).
  • Abrangência: as pessoas que dão explicações universais para seus insucessos desistem de tudo quando ocorre um revés numa determinada área. Já as pessoas que dão explicações específicas podem se sentir desamparadas naquele momento de suas vidas, o que não as impede, entretanto, de cuidar corajosamente dos demais.
  • Personalização: quando acontecem coisas ruins, podemos nos culpar (interiorização) ou podemos culpar outras pessoas (exteriorização) pelas circunstâncias. As pessoas que se culpam têm, conseqüentemente, baixa auto estima, julgam-se sem valor e sem talento. As pessoas que põem a culpa nos acontecimentos externos não perdem a auto estima quando acontecem os reveses. No fundo, gostam mais de si mesmas do que as pessoas que se culpam pelos tropeços da vida.

O estilo explicativo otimista para os maus acontecimentos é o oposto do estilo explicativo pessimista. O otimista acredita que os maus acontecimentos têm causas específicas, ao passo que os bons acontecimentos favorecerão tudo o que fizer; o pessimista acredita que maus acontecimentos têm causas universais e que os bons acontecimentos são causados por fatores específicos e passageiros. O pessimista tem tendência a ficar deprimido com facilidade, tem seu rendimento aquém do talento e sua saúde física e sistema imunológico deixam a desejar.

Se você pensa sobre os reveses em termos de sempre e nunca, você tem um estilo explicativo permanente, pessimista. Se pensa em termos de às vezes e ultimamente, se usa gradações e atribui os reveses a condições transitórias, você tem um estilo otimista.

Fonte: Aprenda a ser otimista – Martin E. P. Seligman – Ed. Nova Era

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