Etapas para atendimento Psicoterapêutico com Crianças

As etapas a seguir informam sobre o processo geral de atendimento de crianças na faixa dos 7 aos 12 anos de idade. Etapa inicial, intermediária e final. Foram especificados O diagrama a seguir foi elaborado a partir de uma sistematização das informações coletadas e da experiência de trabalho das autoras com crianças em psicoterapia. Também descreve procedimentos gerais para a intervenção terapêutica com crianças entre 7 e 12 anos, devido à inclusão de procedimentos que envolvem compreensão verbal e participação ativa da criança no seu processo de mudança. 

Etapa Inicial

Passo 1 – Entrevista com os pais

O primeiro contato geralmente é realizado por telefone através de indicação de outro paciente ou da escola e feita uma acolhida rápida aos pais, adequação do motivo da consulta à sua especialidade e marcada uma sessão presencial somente com os pais. 

Neste momento somente com os pais,  se se pode fazer uma investigação mais profunda do motivo da busca, histórico da criança e da família, bem como expectativa dos pais – a chamada anamnese. Caso psicólogo ache necessário, pode-se sugerir uma avaliação, um psicodiagnóstico. Ou, então, marca-se a próxima sessão para começar a terapia da criança.

Passo 2 – Explique à criança sobre o funcionamento da terapia.

Quando a criança vem para sua primeira sessão o terapeuta deve começar explicando para ela a respeito do funcionamento da terapia. O terapeuta deve apresentar a si e o ambiente, perguntar se a criança sabe porque foi a consulta, esclarecer para que serve a terapia, quais serão as etapas do processo, dar exemplos de atividades que serão realizadas durante a intervenção, informações sobre a necessidade ida do terapeuta a escola para conversar com o professor e sobre o que significa sigilo profissional.

Para além das atividades experimentadas nas sessões, deve haver espaço para brincadeiras que proporcionem descontração e diversão visando o estabelecimento do vínculo terapeuta-criança e da motivação para participar das próximas sessões. 

Passo 3 – Defina com a criança qual o problema a ser trabalhado (objetivos).

É necessário definir claramente com a criança o problema a ser tratado, pois ela deve concordar com a necessidade de ajuda para que aceite e colabore com o tratamento. Para tal, o terapeuta poderá expor à criança os objetivos dos pais para com a terapia questionando-a sobre a sua concordância quanto à ocorrência de tais problemas.  

Etapa Intermediária

Passo 4 – Trabalhe identificação e expressão de sentimentos

Identificar e expressar sentimentos são habilidades importantes para que a criança aprenda a responder de forma socialmente mais adequada (verbalizando como se sente, ao invés de apenas chorar ou agredir). A expressividade emocional é um elemento chave no processo, pois parece estar implicado em vários outros comportamentos infantis como estabelecimento de vínculos afetivos, autoestima, autocontrole e adaptação social, considerando-se que a maior parte das crianças que apresentam problemas emocionais e ou comportamentais, também apresentam dificuldades de identificar e expressar o que sentem em relação às pessoas e/ou situações. Portanto, treinar a expressividade emocional das crianças em terapia pode ser um passo anterior para o desenvolvimento de vários outros repertórios como assertividade, relacionamento interpessoal e resolução de problemas, o que pode ter impacto importante sobre a superação dos problemas iniciais.

Passo 5 – Inicie a análise de consequências e levantamento de alternativas comportamentais

Ajudar a criança a identificar seus comportamentos-problema (ações, pensamentos ou sentimentos), os eventos que antecederam o comportamentos-problema (onde ela estava, com quem, fazendo o quê) e os eventos consequentes (o que aconteceu depois, o que as pessoas fizeram). 

Assim ela consegue entender o que poderia mudar e qual seria a consequência. Levantar alternativas também pode implicar em ensinar a criança a observar outras crianças, ver o que elas fazem em determinadas situações e o que acontece

Passo 6 – Treine habilidades específicas em sessão

Esta etapa consiste em ensaiar com a criança, dentro da sessão, o comportamento que ela escolheu como substitutivo ao comportamento-problema. O treino direto geralmente é necessário para que a criança desenvolva novos repertórios e adquira confiança em seu desempenho a fim de que possa arriscar-se fora da sessão.

O terapeuta poderá também treinar a criança na execução de atividades para as quais ainda não tenha habilidade, ensaiando nas sessões os novos repertórios comportamentais que necessitam ser desenvolvidos para que as mudanças se estabeleçam. A intenção do terapeuta é proporcionar condições de prática do novo comportamento sob novas fontes de reforço. 

Etapa Final

Passo 7 – Incentive a ocorrência do novo comportamento fora da sessão

Para incentivar a ocorrência dos novos comportamentos fora da sessão, o terapeuta poderá ensinar a criança a: 1) discriminar as “dicas” do ambiente de que é o momento para arriscar-se no novo comportamento; 2) criar um “prompt” para recordar estratégias ensaiadas, como forma de controlar o comportamento e não desistir, como, por exemplo: “é só começar”; “fique calmo e vá em frente”; ou 3) utilizar a linguagem mental como apoio à emissão do comportamento aberto (ex.: criança com problemas de retraimento, caminha até a professora na sala de aula enquanto repete mentalmente: “professora, eu poderia ver minha prova?”).

O terapeuta poderá fracionar as tarefas que serão executadas em passos menores. Com o custo de resposta diminuído, há uma maior probabilidade de que a criança se arrisque no novo comportamento fora da sessão. 

Passo 8 – Análise e melhora das tentativas de mudanças

O terapeuta ajudará a criança a analisar suas mudanças, levantar possíveis causas de fracasso e, principalmente, se há como melhorar. Que habilidades a criança deve adquirir para desenvolver a autonomia em resolver problemas? 

Passo 9 – Início do processo de alta

É muito importante preparar a criança para o encerramento. Após avaliar o progresso por meio das observações da criança, pelos relatórios de membros da família, do pessoal da escola e outros, vai se verbalizando a proximidade da alta e deixando claro que se deve à melhora e não porque você não gosta mais dela.

Durante as últimas sessões de terapia, é importante fazer um retrospecto com a criança do que ocorreu na terapia, ressaltando as mudanças ocorridas devido ao seu empenho e elogiando suas mudanças e atitudes de coragem e enfrentamento. Deve-se estimular a criança a expressar seus sentimentos sobre estes aspectos, e o terapeuta não pode deixar de apresentar os seus dizendo que está feliz com seus progressos, que isto se deve à sua coragem.

O processo de encerramento não deve ser abrupto. As sessões devem ser marcadas quinzenalmente  no penúltimo mês e mensalmente no último. Coloque-se a disposição da criança para telefonar ou marcar um encontro. 

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